29 Setembro 2025

O Terror em Alta: De Clássicos Modernos às Novas Ameaças de Arrepiar

O gênero de terror continua a provar sua força e relevância no cinema, atraindo multidões com histórias que exploram desde o sobrenatural até os cantos mais bizarros da psique humana. Franquias consolidadas dividem espaço com ideias originais e ousadas, mostrando que sempre há novas formas de sentir medo. Um exemplo perfeito de como um filme pode redefinir expectativas e dar origem a uma saga de sucesso é “Sobrenatural” (Insidious), de 2010, um marco que, mesmo após mais de uma década, continua a influenciar o cenário atual.

“Sobrenatural”: A Prova de que a Classificação Indicativa Não Define o Medo

Muitos fãs de terror torcem o nariz para filmes com classificação indicativa mais branda, assumindo que a ausência de violência gráfica significa uma experiência menos impactante. Essa era uma desconfiança comum em relação a “Sobrenatural”, dirigido por James Wan. No entanto, o filme rapidamente provou que o verdadeiro pavor não depende de sangue, mas sim de atmosfera, tensão e um mergulho nos medos mais primordiais.

A trama, escrita por Leigh Whannell, acompanha Josh (Patrick Wilson) e Renai Lambert (Rose Byrne), um casal que se muda para uma casa assombrada. O terror se intensifica quando seu filho, Dalton (Ty Simpkins), entra em um coma misterioso após um incidente no sótão, ficando com a alma presa em uma dimensão sombria conhecida como “O Além”. Para pais, a história toca em um nervo exposto: o medo avassalador de perder um filho para algo que não se pode ver ou combater. A experiência de assistir ao filme como pai ou mãe eleva a angústia a um nível totalmente novo.

A Construção do Susto Perfeito

James Wan demonstrou em “Sobrenatural” seu domínio na arte de criar suspense. O filme é repleto de visuais assustadores, como as aparições fantasmagóricas no quarto do bebê ou os relatos de que Dalton, em coma, é visto andando pela casa. Contudo, o momento mais icônico — e que ainda causa pesadelos — é a súbita aparição do demônio de rosto vermelho atrás de Josh. É um jump scare magistral, pois é construído de forma inteligente e totalmente inesperada, assombrando o espectador muito depois dos créditos.

A genialidade da cena está em sua preparação. Enquanto a avó, Lorraine (Barbara Hershey), descreve um pesadelo que teve, a câmera nos transporta para dentro do sonho, criando uma tensão crescente. Quando a narrativa volta para a conversa na mesa de jantar, o público relaxa, pensando que o perigo estava apenas no relato. É nesse exato momento de vulnerabilidade que o demônio surge, um choque visual e sonoro que se tornou um dos sustos mais memoráveis do cinema moderno.

O Cenário do Terror em 2023: Franquias, Demônios e Novas Bizarrices

O sucesso estrondoso de “Sobrenatural”, que arrecadou 100 milhões de dólares com um orçamento de apenas 1,5 milhão, não só solidificou a carreira de James Wan como um mestre do terror, mas também abriu caminho para um universo cinematográfico próprio e inspirou uma nova onda de filmes sobrenaturais. Anos depois, o apetite do público por franquias de terror continua forte, e 2023 foi um ano repleto de lançamentos que levaram multidões aos cinemas.

Sobrenatural: A Porta Vermelha

A própria saga da família Lambert ganhou seu capítulo final (ou talvez não?) com “Sobrenatural: A Porta Vermelha”. Com o retorno do elenco original, o filme encerra o arco arrepiante iniciado em 2010, mostrando Josh e um Dalton agora universitário forçados a confrontar os demônios reprimidos de seu passado uma última vez.

A Freira 2

Expandindo o universo de “Invocação do Mal”, “A Freira 2” foi um dos maiores sucessos de bilheteria do ano. A trama nos leva para a França de 1956, onde a Irmã Irene (Taissa Farmiga) precisa enfrentar novamente a entidade demoníaca Valak, que ressurge para espalhar seu mal após o assassinato de um padre.

Jogos Mortais X

A icônica franquia de tortura retornou em grande estilo. Considerado por críticos e fãs um dos melhores da saga, “Jogos Mortais X” traz John Kramer, desesperado por uma cura para seu câncer, em uma viagem ao México. Ao descobrir que o procedimento milagroso é uma fraude, ele liberta sua fúria com novas e engenhosas armadilhas.

A Morte do Demônio: A Ascensão

A clássica série “Evil Dead” ganhou um novo e brutal capítulo. “A Ascensão” injetou vigor na franquia ao mover a ação do campo para um prédio em Los Angeles, onde uma família encontra o Necronomicon Ex-Mortis e liberta uma força demoníaca que transforma o amor maternal em um pesadelo de sobrevivência.

O Exorcista do Papa

Inspirado nos arquivos reais do Padre Gabriele Amorth, exorcista chefe do Vaticano, o filme estrelado por Russell Crowe mescla suspense e terror investigativo. Ao apurar a possessão de um jovem, o padre descobre uma conspiração secular que a Igreja tentou esconder a todo custo.

Além do Sobrenatural: Horrores Inovadores

O ano também foi marcado por produções que fugiram do convencional, apostando em premissas originais e perturbadoras.

Ninguém Vai Te Salvar

Trocando demônios por extraterrestres, este filme cria uma atmosfera de pavor e isolamento. A história acompanha uma jovem solitária que precisa lutar por sua vida quando sua casa é invadida por alienígenas, em um thriller tenso e com pouquíssimos diálogos.

Infinity Pool

Dirigido por Brandon Cronenberg, este filme é uma viagem bizarra e surreal ao turismo hedonista. Um casal de férias em uma ilha paradisíaca se envolve em um acidente e descobre uma subcultura perversa onde os super-ricos podem clonar a si mesmos para escapar das consequências de seus atos violentos.

Good Boy

Este longa norueguês explora uma premissa no mínimo estranha: um homem milionário trata outro homem, que usa uma fantasia de cachorro, como seu animal de estimação. Quando ele inicia um romance, sua nova namorada começa a perceber que a dinâmica entre “dono” e “cão” é muito mais sinistra do que parece.

Skinamarink: Canção de Ninar

Um dos filmes mais experimentais da lista, “Skinamarink” oferece uma experiência sensorial e aterrorizante. Duas crianças acordam no meio da noite e descobrem que seu pai sumiu e que todas as portas e janelas de sua casa desapareceram, mergulhando-as em um limbo escuro e opressor. É um terror que desafia as convenções e aposta no medo do desconhecido.